quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Sem título V

Cada vez mais quieto para escutar
Mais de perto as coisas quase não
Ditas.

Quebro minha voz e enfatizo os meus gestos.
Tento, decerto, ser o intervalo da vida, para
Construir a melodia nos passos do dia a dia.

Com volume quase no zero, deixo o bem,
Bem de perto, àqueles que lêem além das
Mensagens ditas aos cegos.

O real quase sempre me frustra, o humano
Me assusta. Mas as feridas se fecham toda vez
Que alguém compreende o silêncio.

Sem título IV

Permaneço sem ti.
Quero teu ser em mim como já
fostes antes. E não apenas o desejo.
Sem sentimentos...
Fica tudo sem sentido.

Preciso da dor, do ter e da prece.
Mas não quero zambetar carregando este
amor bêbado, descontente e ressacado.
Desta vez se perecer, não haverá luto.
A hora da luta terá passada.

Sereno, convivo com as diferenças.
Mas se tiro a poeira dos ambientes,
Atiro em mim.

terça-feira, 29 de março de 2011

Olho nu.

Deram-me o Dom de prever coisas,
As quais olhos sem coração não enxergam.
Estes são patético por omitir o passado.

Me vejo futuro, fruto do presente.
Fico contente. Vez ou outra lembro o
Sabor de um chocolate meio amargo.
Fico prostrado.

Reconheço-me humano e fico doente.
Torno-me mortal. Já não me sinto tão mal.
O Jovem que sou, chora.
O velho que em mim habita, comemora.

domingo, 8 de agosto de 2010

Good II (Peres/Markus)

Torto talho que é o corte
Navalha traça sem morte
O sangue que corre não jorra,
Mas a dor incomoda.
Ferida aponta para o Norte
Segue o risco cego da sorte
Do homem bom, rubro forte,
Sem medo da dor que o move
Em cada galope num gole de solidão.
Terra quente, água fresca, sem paixão.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Live better. (Peres/Markus)

É. provavelmente precise menos de ti, quanto imagino.
Mas há momentos em que... desculpe-me. apenas tua
Presença mataria minha sede.

Um momento como agora: é noite, jantar à mesa,
A solidão se amplia no vazio da sala, nem a TV me suporta
(a recíproca é verdadeira), penso bobagens.
E como penso.

Caso estivesses aqui, quebraria o incômodo sossego.
Consigo imaginar meu sorriso, e sentir as nossas expectativas.
Passaríamos juntos tempo suficiente para delirar sobre o futuro.

Quase recupero a fé ao ouvir Cohen a cantar "Hallelujah".
Mas não estas aqui... bate à porta uma conhecida de sorriso
Tímido, rosto magro, olhos caídos. é hora de encarar a
Triste solidão.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Apenas um velho triste. (Peres/Markus)

Inquieto para achar no outro um
Pedaço meu. Imagino semelhanças
Mesmo que irreais. Ilusão consciente.

Em verdade vejo leitos.
Corpos doentes, imperfeitos.
Provando o quanto somos frágeis.

Somos homônimos.
De pé, me vejo ali deitado,
Sem saber bem o porquê.

No entanto os vejo...
Sinto algo. Não digo nada.
Prefiro esquecer.

Troco de alma com os corpos
Já castigados pela dor
E vejo que também estou doente.

Outras tantas me esqueço da figura humana.
Conforto-me ao lembrar que não
Tenho sido desigual, nem desumano.

E é confuso saber que não sou obrigado
A ajudar, mas que é necessário mudar.
Um dia hei de morrer, com ou sem dor.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Meia Noite e Um.

Se for mesmo por conta da alma
Que permaneço vivo - Ela vive
Da carne e dos seres que me cercam.
Morre se há descaso.

Logo definho no esquecimento.
Talvez, em parte eu seja assim:
Alguém que vive do sabor passado,
E de amores enlatados.

Triste e serena como a morte, a noite dorme.
E diante da confusão, renasce em mim a
Forma de outro ser capaz, obrigando-me a viver.

É bem provável que as desculpas não caibam
No momento. Mas é possível que caibam na eternidade.

O que me fode é a sanidade.
Essa capacidade de fazer-me entender
Que nem sempre estou no caminho certo.